\/p>
\"A rotina das m\u00e3es atualmente \u00e9 exigente. Conciliar o trabalho com a fam\u00edlia \u00e9 algo complicado, principalmente na pandemia. Voc\u00ea como m\u00e3e, qual dica daria para outras mulheres que n\u00e3o conseguem trabalhar e dar aten\u00e7\u00e3o necess\u00e1ria para os filhos?\"<\/strong><\/p> R:<\/strong> Eu acredito que o problema da m\u00e3e que trabalha e que n\u00e3o se sente inteira em nada o que faz est\u00e1 na raiz. A gente se cobra ser aquela m\u00e3e que faz todas as brincadeiras l\u00fadicas do Pinterest com filhos e com a mesma compet\u00eancia que seja uma profissional incr\u00edvel, muito acima da m\u00e9dia, que acompanha todos os projetos em andamento e n\u00e3o se permite falar 'n\u00e3o' para qualquer demanda de trabalho. O resultado dessa cobran\u00e7a \u00e9 a sensa\u00e7\u00e3o de que a gente t\u00e1 sempre devendo alguma coisa pra algu\u00e9m. Seja em casa, seja no trabalho...<\/em><\/p> O primeiro passo para come\u00e7ar a resolver isso \u00e9 o da aceita\u00e7\u00e3o, calma que eu explico \u201caceita\u00e7\u00e3o\u201d do qu\u00ea. A gente precisa aceitar que somos seres humanos comuns. Isso de achar que somos mulheres maravilha s\u00f3 traz sofrimento. A gente n\u00e3o precisa dar conta de tudo com perfei\u00e7\u00e3o. Isso \u00e9 desumano.<\/em><\/p> O segundo passo \u00e9 o da Organiza\u00e7\u00e3o. Pra gente conseguir rodar todos os pratinhos, \u00e9 preciso que tenha tempo para cada uma das coisas. Isso significa ANOTAR na agenda, reservar tempo. No in\u00edcio da pandemia eu reservava 10 minutos entre as reuni\u00f5es de meia hora para ficar com meu filho. Foi uma forma que consegui de n\u00e3o deix\u00e1-lo t\u00e3o ansioso porque ele sabia que da\u00ed a pouco a mam\u00e3e teria uns minutinhos com ele. Mas foi um limite que eu tive que impor no trabalho tamb\u00e9m. Se a reuni\u00e3o durou mais do que meia hora, eu pedia licen\u00e7a, me retirava e voltava depois. E t\u00e1 tudo bem a gente impor nossos limites no trabalho, n\u00e3o precisa ter vergonha nem se massacrar de forma desnecess\u00e1ria.<\/em><\/p> E o terceiro passo \u00e9 o do Desapego. Ou o da Delega\u00e7\u00e3o. Ser\u00e1 que s\u00f3 voc\u00ea \u00e9 capaz de montar a lancheira do seu filho? Ou... s\u00f3 voc\u00ea \u00e9 capaz de organizar aquela pasta de arquivos no trabalho? A gente precisa trabalhar de forma inteligente tanto no trabalho quanto em casa. Em casa a gente pode usar a rede de apoio: familiares, parceiros, vizinhos\u2026 e no trabalho a gente pode contar com a equipe que trabalha com a gente. Eu sei que n\u00e3o d\u00e1 pra delegar tudo e n\u00e3o \u00e9 todo mundo que tem uma rede de apoio. Mas todo mundo tem alguma coisinha que poderia pedir ajuda. Ou melhor, que poderia redistribuir as atividades com outras pessoas.<\/em><\/p> \"\u00c9 poss\u00edvel dividir as tarefas com os filhos?\"<\/strong><\/p> R:<\/strong> Eu acredito que cada fam\u00edlia tem seu modelo. O que n\u00e3o d\u00e1 \u00e9 pra definir uma regra como \"toda crian\u00e7a com idade x deve ser ensinada a arrumar sua cama\". Isso em geral s\u00f3 gera ainda mais ansiedade e cobran\u00e7a sobre as pr\u00f3prias m\u00e3es que costumam ser as respons\u00e1veis por \"implementar\" essas regras. E vira mais uma carga na pilha.<\/em><\/p> At\u00e9 porque tem uma outra quest\u00e3o sobre \"dividir\" as tarefas com os filhos: a EXPECTATIVA que a gente tende a colocar em cima disso. Pensa comigo\u2026 dar banho numa crian\u00e7a dura 10 minutos, enquanto ensinar uma crian\u00e7a a tomar banho dura 40 minutos ou mais e provavelmente vai precisar se repetir algumas vezes. N\u00e3o que voc\u00ea deva dar banho no seu filho at\u00e9 os 18 anos. Mas por isso que eu acredito que cada fam\u00edlia deva ter seu modelo. Um modelo que forme pessoas independentes e que n\u00e3o massacre a m\u00e3e com tanto \"tem que...\".<\/em><\/p> <\/p> \"Como fazer a vida profissional e a pessoal andarem juntas?\"<\/strong><\/p> R:<\/strong> O importante mesmo \u00e9 saber que n\u00e3o \u00e9 todo dia que flui e \u00e9 lindo. Geralmente t\u00eam ren\u00fancia sim. Mas o mais importante \u00e9 ter CLAREZA. Para voc\u00ea \u00e9 importante ter os dois? Depois de muita luta interna eu cheguei \u00e0 conclus\u00e3o que eu tenho um lindo tesouro que \u00e9 meu filho e minha fam\u00edlia mas, pra mim \u00e9 muito importante ter sucesso no trabalho TAMB\u00c9M. Eu me sinto viva tendo resultado e crescendo na carreira. Eu quero tudo e eu sei que eu mere\u00e7o ter tudo. Eu me permito ter sucesso na minha carreira, por mim. Tendo essa clareza do que me move, eu tomo minhas decis\u00f5es. Eu opto por estar em todas as apresenta\u00e7\u00f5es da escolinha mas, para estar em todas as reuni\u00f5es de diretoria eu organizei minha rede de apoio pra n\u00e3o precisar mais levar e buscar na escola. E t\u00e1 tudo bem. Eu n\u00e3o sou uma m\u00e3e ruim por n\u00e3o ficar na porta da escola todos os dias. E eu n\u00e3o sou uma profissional ruim porque eventualmente eu bloqueio minha agenda no meio da tarde para assistir ao teatrinho do coral. E isso s\u00f3 faz sentido porque dentro de mim isso est\u00e1 bem resolvido. Cobran\u00e7as v\u00e3o sempre existir de todas as partes.<\/em><\/p> \"E para finalizar:\u00a0voc\u00ea trabalha com a internet, qual conselho voc\u00ea d\u00e1 para as m\u00e3es terem cuidado com os filhos em rela\u00e7\u00e3o a tecnologia?\"<\/strong><\/p> R:<\/strong> Submeter crian\u00e7as a telas \u00e9 uma quest\u00e3o muito pol\u00eamica e que eu n\u00e3o acredito que esteja certo e errado. Acho que vale ter serenidade para entender que a gente vive em um mundo cada vez mais tecnol\u00f3gico e essas crian\u00e7as j\u00e1 nascem inseridas nesse meio. Priv\u00e1-las disso de forma radical n\u00e3o me parece um caminho de bom senso. Fato \u00e9 que n\u00e3o tem mais como voltar atr\u00e1s na evolu\u00e7\u00e3o. As telas est\u00e3o a\u00ed, a tecnologia est\u00e1 a\u00ed e faz parte das nossas vidas. <\/em><\/p> \u00a0<\/p> E falando enquanto m\u00e3e que passou por um per\u00edodo de pandemia em home office sem ajuda em casa e com uma crian\u00e7a cheia de energia\u2026 confesso que as telas foram de grande utilidade. E falo isso sem nenhuma vergonha ou remorso. A gente tem que parar de romantizar a educa\u00e7\u00e3o perfeita ou a maternidade perfeita. Essa romantiza\u00e7\u00e3o massacra mulheres m\u00e3es que se cobram al\u00e9m do saud\u00e1vel. \u00c9 imposs\u00edvel ser uma m\u00e3e 100% presente que faz joguinhos com papel\u00e3o que monta um pratinho com legumes frescos, brinca no ch\u00e3o, mant\u00e9m a crian\u00e7a livre de telas, mant\u00e9m a casa limpa e organizada e ainda entrega um bom trabalho pro chefe t\u00f3xico. Eu acredito no caminho do meio. No caminho que a gente entende que n\u00f3s somos humanas e que uma tela, \u00e0s vezes, pode ser uma estrat\u00e9gia pra gente conseguir focar naquela reuni\u00e3o importante com os investidores da empresa. Claro que com limite e de forma direcionada. 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Gabi Salles tem 36.4 mil seguidores em seu perfil no Instagram e mais de 11.6 mil no Youtube. (@gabisallesdigital) "A rotina das mães atualmente é exigente. Conciliar o trabalho com a família é algo complicado, principalmente na pandemia. Você como mãe, qual dica daria para outras mulheres que não conseguem trabalhar e dar atenção necessária para os filhos?" R: Eu acredito que o problema da mãe que trabalha e que não se sente inteira em nada o que faz está na raiz. A gente se cobra ser aquela mãe que faz todas as brincadeiras lúdicas do Pinterest com filhos e com a mesma competência que seja uma profissional incrível, muito acima da média, que acompanha todos os projetos em andamento e não se permite falar 'não' para qualquer demanda de trabalho. O resultado dessa cobrança é a sensação de que a gente tá sempre devendo alguma coisa pra alguém. Seja em casa, seja no trabalho... O primeiro passo para começar a resolver isso é o da aceitação, calma que eu explico “aceitação” do quê. A gente precisa aceitar que somos seres humanos comuns. Isso de achar que somos mulheres maravilha só traz sofrimento. A gente não precisa dar conta de tudo com perfeição. Isso é desumano. O segundo passo é o da Organização. Pra gente conseguir rodar todos os pratinhos, é preciso que tenha tempo para cada uma das coisas. Isso significa ANOTAR na agenda, reservar tempo. No início da pandemia eu reservava 10 minutos entre as reuniões de meia hora para ficar com meu filho. Foi uma forma que consegui de não deixá-lo tão ansioso porque ele sabia que daí a pouco a mamãe teria uns minutinhos com ele. Mas foi um limite que eu tive que impor no trabalho também. Se a reunião durou mais do que meia hora, eu pedia licença, me retirava e voltava depois. E tá tudo bem a gente impor nossos limites no trabalho, não precisa ter vergonha nem se massacrar de forma desnecessária. E o terceiro passo é o do Desapego. Ou o da Delegação. Será que só você é capaz de montar a lancheira do seu filho? Ou... só você é capaz de organizar aquela pasta de arquivos no trabalho? A gente precisa trabalhar de forma inteligente tanto no trabalho quanto em casa. Em casa a gente pode usar a rede de apoio: familiares, parceiros, vizinhos… e no trabalho a gente pode contar com a equipe que trabalha com a gente. Eu sei que não dá pra delegar tudo e não é todo mundo que tem uma rede de apoio. Mas todo mundo tem alguma coisinha que poderia pedir ajuda. Ou melhor, que poderia redistribuir as atividades com outras pessoas. "É possível dividir as tarefas com os filhos?" R: Eu acredito que cada família tem seu modelo. O que não dá é pra definir uma regra como "toda criança com idade x deve ser ensinada a arrumar sua cama". Isso em geral só gera ainda mais ansiedade e cobrança sobre as próprias mães que costumam ser as responsáveis por "implementar" essas regras. E vira mais uma carga na pilha. Até porque tem uma outra questão sobre "dividir" as tarefas com os filhos: a EXPECTATIVA que a gente tende a colocar em cima disso. Pensa comigo… dar banho numa criança dura 10 minutos, enquanto ensinar uma criança a tomar banho dura 40 minutos ou mais e provavelmente vai precisar se repetir algumas vezes. Não que você deva dar banho no seu filho até os 18 anos. Mas por isso que eu acredito que cada família deva ter seu modelo. Um modelo que forme pessoas independentes e que não massacre a mãe com tanto "tem que...". "Como fazer a vida profissional e a pessoal andarem juntas?" R: O importante mesmo é saber que não é todo dia que flui e é lindo. Geralmente têm renúncia sim. Mas o mais importante é ter CLAREZA. Para você é importante ter os dois? Depois de muita luta interna eu cheguei à conclusão que eu tenho um lindo tesouro que é meu filho e minha família mas, pra mim é muito importante ter sucesso no trabalho TAMBÉM. Eu me sinto viva tendo resultado e crescendo na carreira. Eu quero tudo e eu sei que eu mereço ter tudo. Eu me permito ter sucesso na minha carreira, por mim. Tendo essa clareza do que me move, eu tomo minhas decisões. Eu opto por estar em todas as apresentações da escolinha mas, para estar em todas as reuniões de diretoria eu organizei minha rede de apoio pra não precisar mais levar e buscar na escola. E tá tudo bem. Eu não sou uma mãe ruim por não ficar na porta da escola todos os dias. E eu não sou uma profissional ruim porque eventualmente eu bloqueio minha agenda no meio da tarde para assistir ao teatrinho do coral. E isso só faz sentido porque dentro de mim isso está bem resolvido. Cobranças vão sempre existir de todas as partes. "E para finalizar: você trabalha com a internet, qual conselho você dá para as mães terem cuidado com os filhos em relação a tecnologia?" R: Submeter crianças a telas é uma questão muito polêmica e que eu não acredito que esteja certo e errado. Acho que vale ter serenidade para entender que a gente vive em um mundo cada vez mais tecnológico e essas crianças já nascem inseridas nesse meio. Privá-las disso de forma radical não me parece um caminho de bom senso. Fato é que não tem mais como voltar atrás na evolução. As telas estão aí, a tecnologia está aí e faz parte das nossas vidas. E falando enquanto mãe que passou por um período de pandemia em home office sem ajuda em casa e com uma criança cheia de energia… confesso que as telas foram de grande utilidade. E falo isso sem nenhuma vergonha ou remorso. A gente tem que parar de romantizar a educação perfeita ou a maternidade perfeita. Essa romantização massacra mulheres mães que se cobram além do saudável. É impossível ser uma mãe 100% presente que faz joguinhos com papelão que monta um pratinho com legumes frescos, brinca no chão, mantém a criança livre de telas, mantém a casa limpa e organizada e ainda entrega um bom trabalho pro chefe tóxico. Eu acredito no caminho do meio. No caminho que a gente entende que nós somos humanas e que uma tela, às vezes, pode ser uma estratégia pra gente conseguir focar naquela reunião importante com os investidores da empresa. Claro que com limite e de forma direcionada. Mas nada radical demais conversa com o que eu acredito. REVISTA MAISBONITA - Beleza que inspira ! André Lap - CEO & Diretor Equipe: Publicado por
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MIRIAM FREITAS
Colunista social
em 19/08/2021 às 15:29